Dias atrás, conversava com meu amigo
Francisco das Chagas, vulgo Chaguinha. Estávamos em um bar, na escaldante
cidade de Palmas, conversando sobre a política tocantinense e bebendo um moloko
(referências, pra que te quero?). Pois bem, começamos então a falar sobre as
notícias nos principais portais de notícias.
Coisa que chamou a atenção logo de cara
foi o roubo de um carro dentro do pátio da prefeitura. O pátio daqui de Palmas,
que mais parece ferro-velho de filme americano, é abarrotado de veículos
apreendidos e ou guinchados. O roubo de um carro dentro de um órgão municipal,
que teoricamente deveria monitorar as entradas e saídas já seria uma coisa
bizarra. Mas, e sempre tem um ‘mas’, o que mais impressiona na notícia é que
essa não é a primeira vez que roubam no pátio. A galerinha da mão leve, segundo
a matéria, começou levando peças de motos. Cerca de um mês depois, percebendo
que não tiveram problemas, eles levaram uma moto, e agora fecharam com chave de
ouro, levando o carrinho.
Chaguinha disse que já teve o carango
guinchado e levado para o tal pátio da prefeitura e ele disse que tem que pagar
uma diária de trinta “contos” (linguagem dele) pelo veículo. Quer dizer, o
camarada paga o preço de uma diária de pousada e ainda corre o risco de ter seu
veículo roubado.
E como dizia Gabriel “o pensador”: a criminalidade
toma conta da cidade... outro dia uma mulher foi presa tentando vender um
celular por 10 reais. O “cliente” logo desconfiou e chamou a polícia, aí
descobriram que o celular era roubado. Analisando o caso Chaguinha disse que o
cara fez mal em denunciar a mulher. Ele disse que o cara que foi roubado
dificilmente vai ter o celular de volta mesmo. Comprando o celular da mulher o cliente
teria um “mega desconto” e ainda ia ajudar a mulher. Tentei argumentar com ele
falando que um furto é um furto e que um crime não deve ser amenizado, mas ele
permaneceu com sua idéia fixa. Aliás, em discussões ninguém nunca muda de
idéia, ou dificilmente o faz. Quer dizer, cada um argumenta tentando convencer
o outro de alguma coisa, mas independente dos argumentos todos saem com a mesma
opinião que tinham antes. Por isso mesmo não discuti mais e apenas fiz um
meneio de cabeça.
No
domingo fomos à Feira do Bosque e não é minha surpresa quando surpreendo
Chaguinha olhando os celulares de um rapaz, que não chamarei de suspeito porque
isso seria eufemismo. Entre as “mercadorias” do rapaz estava um celular “da
maçã” que ele estava vendendo por cem reais. Chaguinha pegou a carteira na
hora. De nada adiantou o meu olhar repreensivo e eu ter lhe falado que
provavelmente aquilo era fruto de furto (tome esse trava-lingua). O fruto do
furto, furtado foi e acabou sendo comprado pelo meu amigo. Deu-lhe o dinheiro e
saímos de lá. Quando íamos saindo Chaguinha percebeu que na verdade ele tinha
acabado de comprar o próprio celular! O celular dele tinha sido fruto de furto
(tente ler rápido) e ele nem percebeu porque estava muito eufórico pelo valor
irrisório por um celular tão bom.
Eu poderia finalizar o parágrafo falando
das lições de moral aprendidas por meu companheiro, e seria um belíssimo fim,
mas não seria a realidade. Infelizmente Chaguinha continuou com sua idéia de
que afinal de contas, se ele não tivesse comprado o celular acabaria tendo um
prejuízo maior do que o que teve. Ainda que eu não questione seu argumento não
acho certa a sua lógica. Afinal de contas aquilo funcionaria como um boomerang:
por mais que você o lance longe ele acaba voltando. Talvez o estimado leitor
acredite que um iô-iô seria mais apropriado aqui no Brasil, mas a comparação é
minha então fique satisfeito.
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